11º Colóquio de Moda - Parte 3

By | sexta-feira, setembro 18, 2015 Leave a Comment

Mesa redonda: Democratização da moda no mercado de luxo no Brasil 

No último dia de Colóquio, no período da manhã, aconteceu a mesa redonda com Carlos Ferreirinha e Luis Tadeu Dix, contando com a mediação do professor João Braga. A mesa tratava dos processos e das consequências da democratização da moda e do luxo no país.

O professor João Braga mediou a mesa redonda.


Segundo  Luis Tadeu, professor do Senac São Paulo, o conceito de democratização da moda, que se assemelha ao processo democrático político, refere-se ao ato de oferecer moda para o maior número possível de pessoas. Essa democratização, segundo ele, não refere-se ao fato de todas as pessoas conseguirem, por sua condição financeira, comprarem todos os produtos, mas, ao fato de todas terem acesso à possibilidade de compra. Essa democratização teria sido, segundo ele, influenciada por fatores como a globalização e a comunicação.

Esse pensamento de disponibilizá-la a todos os públicos teve um grande crescimento, também entre as marcas brasileiras. Entretanto, Luis salientou que ao proporcionar que um maior número de indivíduos tenha acesso à seus artigos, as marcas passam a correr o risco de se vulgarizarem, isto é, de ocorrer um grande entusiasmo dentro da produção, e desta forma começarem produzir em escala maior, sem controle, diminuindo a qualidade de seus produtos. Essa perda do nível de qualidade, leva aos consumidores a desaprovarem o produto, devido à contrariedade do preço alto e da baixa qualidade. Citou ainda como exemplo de marca que caiu na vulgarização, a antiga Zoomp, considerada no passado como marca brasileira de elite na produção de jeans, que segundo Luis Tadeu, perdeu o controle devido ao grande sucesso nas vendas.

Ferreirinha em sua apresentação sobre o Luxo no Brasil. 

Carlos Ferreirinha, gestor e palestrante do mercado de luxo e Premium no Brasil, iniciou sua apresentação demonstrando o real significado do luxo, ligado a exclusividade e prestígio, qualidade e excelência, e mostrou um panorama do mercado de luxo no Brasil, o qual, segundo ele, não é muito semelhante ao mercado de luxo mundial.

Enquanto no resto do mundo,  as maiores maisons encontram-se em nas ruas, no Brasil, a tradução do que é luxo são o shoppings, os quais cada vez mais segmentados para atender públicos específicos. Outro fato, é que o Brasil não produz luxo em se tratando de moda, o que acontece aqui, são códigos de luxo traduzidos em forma de experiências em hotéis e na gastronomia, como sorveterias, cafeterias.

Ferreirinha ainda comentou sobre o fenômeno da premiunização, com efeito trade in/ trade up, no qual, marcas de base criam linhas Premium para passarem a atender uma parcela da população que espera e consume produtos de maior valor e, marcas de maior prestígio criam linhas mais acessíveis do que seus produtos mais caros, para atenderem a um público não tão exclusivo, mas que se identifica com a imagem da marca.

Ferreirinha salientou também que moda não é luxo e luxo não é moda, o que se tem são grifes de moda que trabalham com o mercado de luxo, e o que o luxo alcança diversas áreas,  incluindo a de bens duráveis como imóveis, automóveis, e peças únicas para colecionadores.

Comentou ainda sobre a conversão high tech, onde marcas de luxo nascem em áreas de tecnologia, e com a qual outros empreendimentos de luxo passam a interagir com essa tecnologia, com lojas online, por exemplo, o que é importante, considerando-se que, de acordo com ele, com as mudanças demográficas, o poder de consumo das pessoas mais jovens alcançou altíssimo nível, sendo de conhecimento a existência de muito milionários abaixo de 35 anos.

Como resposta a perguntas de alunos, Ferreirinha opinou que não é correto falar que o brasileiro gosta do que vem de fora, porque esse é um comportamento típico de países emergentes, como a Indonésia, Japão e China.  E até mesmo a Ásia, grande consumidor de luxo, não produz nem consome seus próprios artigos, e sim produtos de grandes marcas europeias que foram capazes de se disseminar pelo globo. Para ele, o brasileiro já passou a optar pelo consumo de marcas de luxo brasileiras na gastronomia, na hotelaria e joalheria, as quais, inclusive, tem destaque internacional.

Segundo ele, a dificuldade que o país enfrenta em criar essas marcas de luxo e relevância internacional, no ramo da moda, por exemplo, é a falta de planejamento a longo prazo,  que faz com que as marcas sintam-se pressionadas a exibir bons frutos em um prazo reduzido, e a falta do pensamento global, as tornando dependentes do mercado doméstico.

Sobre a democratização do luxo, ele falou sobre olhar o luxo traduzido como prestígio e experiência para todos, assim como a democratização da moda, sendo acessível a quem possuir, evidentemente, o poder financeiro de comprá-lo.
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