Dados histĂłricos dos tĂŞxteis: Denim/Jeans (Texto completo)
O jeans pode ser analisado como uma peça democrática, que abrange diversas classes e perĂodos, sendo facilmente encontrado no dia a dia de diferentes usuários. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2018 revela que os consumidores entrevistados possuem em mĂ©dia nove peças de jeans, evidenciando sua popularidade. Ao analisar a cronologia histĂłrica do Denim, percebe-se que no sĂ©culo XIV era utilizado por trabalhadores que exigiam peças feitas de materiais mais resistentes e por consequĂŞncia, comumente representados por mineradores e cowboys americanos.
O Ăndigo blue Ă© devido ao tingimento ser azul feito do corante Ăndigo, desse modo, surgiu o termo Denim ĂŤndigo Blue, que originalmente eram tecidos pesados, de 14 oz (onças) ou mais. PorĂ©m, o mercado acabou produzindo outras gramaturas como 5, 7, 9, 10, 11 e 12 onças e outras, para atender uma fatia maior de consumidores. “Onças ou oz Ă© a medida de peso inglesa, que equivale a 28,34 gramas, e quando dizemos que um tecido tem 12 oz, queremos dizer que um metro quadrado de tecido pesa 12 oz, ou seja, 28,34x12 que Ă© igual a 340,8 gramas por metro quadrado” (OLIVEIRA, 2008, p.24).
Apesar do tingimento ter surgido como um corante natural, para suprir a demanda do mercado, os corantes de cunho sintĂ©tico sĂŁo mais utilizados pela praticidade, economia e rapidez que eles oferecem. “A estrutura quĂmica do Ăndigo foi apresentada por Adolf von Bayer em 1883 e o produto sintĂ©tico, colocado no mercado pela primeira vez em 1897, pela BASF” (CUNHA, 1994, p.28).
Dessa maneira, percebe-se que a transformação de um tecido jeans tem suas particularidades, estruturas e histĂłrias, atualmente na indĂşstria tĂŞxtil na fabricação deste produto utiliza ligações 2x1 ou 3x1, comercialmente conhecida como sarja 2x1 ou sarja 3x1. “De um modo geral, o Denim resulta de uma trama branca e de um urdimento tinto. Se tingimos o urdume com corante Ăndigo, o tecido resultante será um ĂŤndigo Denim Azul genuĂno” (ESTEVES, 1994, p.42).
VASQUES, Ronaldo Salvador; FORTUNATO, FabrĂcio de Souza; DE BRITO, Márcia Regina Paiva; DO BEM, Natani Aparecida; MAIA, Elaine Regina Brito. BANDEIRA TĂŠXTIL DA TECIDOTECA: análise por determinação da resistĂŞncia Ă tração e alongamento do tecido jeanswear. Ponta Grossa - Pr: Editora Atena, 2022. DisponĂvel em: https://www.atenaeditora.com.br/catalogo/post/bandeira-textil-da-tecidoteca-analise-por-determinacao-da-resistencia-a-tracao-e-alongamento-do-tecido-jeanswear. Acesso em: 04 dez. 2023.
Gráfico de determinação da resistência à tração e alongamento do urdume:
A chita possui fios de trama e fios de urdume que cruzam e formam a armação conhecida como tela ou tafetá, um fio por cima e um fio por baixo, em geral de puro algodão (CO) e inicialmente em tom cru e depois fabricado com estamparia grande e colorida.
Suas origens localizam-se na Índia e o tecido foi percebido pelos portugueses que o levaram para sua terra natal, movidos pela beleza têxtil e, especialmente, o seu baixo custo. A Inglaterra também fez uso deste tecido popular, que hoje tem a marca de made in Brazil.
Sendo um dos elementos mais representativos da cultura brasileira, a chita, se faz presente principalmente nas vestes e na decoração das festas de São João, tornou-se moda na década de 1970, retornando recentemente em criações alternativas de jovens estilistas.
O valor destinado ao tecido no campo da moda e toda a representação que conferiu à moda brasileira, principalmente do ponto de vista do olhar estrangeiro tem como precursora a estilista carioca Zuzu Angel. Em coincidência com a história de Zuzu Angel, a primeira empresa a fabricar a chita no Brasil se situava na cidade natal da estilista, Curvelo, e até o ano de 1961 dedicou sua produção têxtil exclusivamente à chita. Garcia (2010) assimilava o tecido a uma alternativa barata da cambraia de algodão e no comércio francês era destinado principalmente aos africanos.
Derivados da chita, a chitinha, caracterizada por flores pequenas estampadas, e o chitĂŁo, tecido de largura superior ao tamanho padrĂŁo e com flores grandes, eram muito utilizados como forros de colchĂŁo, aventais e outros tĂŞxteis domĂ©sticos. Diferente de outros paĂses, o Brasil adotou a chita e suas variações como um tecido que pode estar nas passarelas dos eventos de moda,seja em seus motivos florais vibrantes, com suas cores contrastantes entre si, reproduzindo de forma visual esse ambiente tropical e alegre caracterĂstico do nosso paĂs, transformando-a em um Ăcone que melhor traduz o significado de brasilidade e variedade do povo brasileiro.
REFERĂŠNCIAS
BARBEIRO, Priscila; SIMILI, Ivana Guilherme. Tecidos Culturais: a chita no carnaval pernambucano. In: Congresso Internacional de HistĂłria. Anais..., 2015.
________. Flores, cores e formas: o Brasil estampado de chita. Revista Visualidades. Goiânia, 2016.
CALLAN, Georgina O’Hara. EnciclopĂ©dia da moda. Companhia das Letras. SĂŁo Paulo, 2007.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. Editora: Estação das Letras. São Paulo, 2006.
SIMILI, Ivana Guilherme. Tecidos, linhas e agulhas: uma narrativa para Zuzu Angel. Revista Tempo e Argumento, 2015.