A chita possui fios de trama e fios de urdume que cruzam e formam a armação conhecida como tela ou tafetá, um fio por cima e um fio por baixo, em geral de puro algodão (CO) e inicialmente em tom cru e depois fabricado com estamparia grande e colorida.
Suas origens localizam-se na Índia e o tecido foi percebido pelos portugueses que o levaram para sua terra natal, movidos pela beleza têxtil e, especialmente, o seu baixo custo. A Inglaterra também fez uso deste tecido popular, que hoje tem a marca de made in Brazil.
Sendo um dos elementos mais representativos da cultura brasileira, a chita, se faz presente principalmente nas vestes e na decoração das festas de São João, tornou-se moda na década de 1970, retornando recentemente em criações alternativas de jovens estilistas.
O valor destinado ao tecido no campo da moda e toda a representação que conferiu à moda brasileira, principalmente do ponto de vista do olhar estrangeiro tem como precursora a estilista carioca Zuzu Angel. Em coincidência com a história de Zuzu Angel, a primeira empresa a fabricar a chita no Brasil se situava na cidade natal da estilista, Curvelo, e até o ano de 1961 dedicou sua produção têxtil exclusivamente à chita. Garcia (2010) assimilava o tecido a uma alternativa barata da cambraia de algodão e no comércio francês era destinado principalmente aos africanos.
Derivados da chita, a chitinha, caracterizada por flores pequenas estampadas, e o chitão, tecido de largura superior ao tamanho padrão e com flores grandes, eram muito utilizados como forros de colchão, aventais e outros têxteis domésticos. Diferente de outros países, o Brasil adotou a chita e suas variações como um tecido que pode estar nas passarelas dos eventos de moda,seja em seus motivos florais vibrantes, com suas cores contrastantes entre si, reproduzindo de forma visual esse ambiente tropical e alegre característico do nosso país, transformando-a em um ícone que melhor traduz o significado de brasilidade e variedade do povo brasileiro.
REFERÊNCIAS
BARBEIRO, Priscila; SIMILI, Ivana Guilherme. Tecidos Culturais: a chita no carnaval pernambucano. In: Congresso Internacional de História. Anais..., 2015.
________. Flores, cores e formas: o Brasil estampado de chita. Revista Visualidades. Goiânia, 2016.
CALLAN, Georgina O’Hara. Enciclopédia da moda. Companhia das Letras. São Paulo, 2007.
CHATAIGNIER, Gilda. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. Editora: Estação das Letras. São Paulo, 2006.
SIMILI, Ivana Guilherme. Tecidos, linhas e agulhas: uma narrativa para Zuzu Angel. Revista Tempo e Argumento, 2015.
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