Em mais uma vista à museus em Portugal, o Professor Ronaldo desta vez compartilhou com nós a sua visita ao Museu da Industria Têxtil Vale do Ave, é um museu arqueológico-industrial que, além da evolução histórica da industrialização desta região, expõe uma coleção de máquinas têxteis históricas em funcionamento, mostrando a evolução das técnicas de fiação, tecelagem, ao longo do tempo.
Após a segunda metade do século XIX a fiação do linho foi sendo substituída aos poucos pelo algodão, sendo em 1845 surgindo a primeira Industria Têxtil de algodoeira a Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Vizela (Sto. Tirso), localizada no Vale do Ave. Outras ainda são criadas em Fafe, Guimarães e na Vila do Conde.
Desta maneira muitas famílias com estruturas mini fundiárias puderam ascender com o trabalho nas industrias, sem ter de abandonar o terreno agrícola.
Figura1 Edificio da Fabrica de Tecidos e Fiação do Rio Vizela fundada em 1845 (Sto. Tirso)
foto tirada no inicio do séc. XX
Fonte: (Tecidoteca, foto tirada em maio de 2017) |
Com a explosão industrial ao final dos anos de 1890 todas as industrias passam a serem “unidades completas” ou seja fabricas com fiação e tecelagem. No Vale do Ave foi evidentemente a indústria que criou o que se conhece de ambiente fabril, trazendo todas as pessoas que tinham vivencia rural, homens, mulheres e crianças.
Assim a rotina de produção em série, com jornadas de trabalho estendidas, sem férias e a dependência de um salário baixo começaram a surgir, acima de tudo era muito mais vantajoso se ter industrias em áreas rurais a áreas urbanizadas com terrenos mais acessíveis para a construção, a abundância de recursos de água e energia, mais disponibilidade da mão de obra feminina e juvenil, entre muitos outros fatores.
Figura 2 Teares
Fonte: (foto 1 por Marcelo Soares. foto 2 Tecidoteca, maio de 2017) |
Devido ao crescimento a necessidade da mão de obra feminina e a substituição por algumas maquinas automatizadas, acabou trazendo relutância dos tecelões tradicionais, gerando algumas greves e revoltas, à medida que se desenvolve a organização operária. Uma destas greves (que ocorreu por volta do ano de 1903) fez com que boa parte dos tecelões fossem substituídos pela mecanização o que acaba gerando mais desemprego.
No Vale do Ave, as greves só começaram por volta do ano de 1910, antecipando a Proclamação da República e se estendendo ao resto do país
Figura 3 Teares
Fonte: (Fotos por Marcelo Soares, maio de 2017) |
Ainda pelos anos de 1939 ainda as grandes fabricas do século XIX, e as que tiveram seu surgimento e auge após os anos de 1989, ainda estavam em perfeito funcionamento, até que a onda da modernização dos anos 50 e 60 fez com que apostassem mais no equipamento, levando mais em conta o acabamento do produto e a diversificação da produção.
Figuras 3 e 4 novelos de algodão
Fonte: (foto tirada pela Tecidoteca em maio de 2017) |
Fonte: (foto tirada pela tecidoteca em maio de 2017) |
Por fim, grande parte do Noroeste Português considera o Vale do Ave, uma indústria que representa não somente uma Industria Têxtil, mas um patrimônio profundamente identificado com a história local. Que marca gerações e gerações de trabalho, como uma memória de todos os que viveram nos momentos ruins e bons, trazendo a identidade do local.
Figuras 5 e 6 Processo de Fiação e Cardagem do algodão
Fonte: (foto por Marcelo Soares, maio de 2017) |
Fonte: (Foto pode Marcelo Soares, maio de 2017) |
O Professor Ronaldo comenta ainda sobre o que achou do Museu:
“O Museu da Indústria Têxtil em Famalicão Portugal, é considerado um dos únicos que interagem com público em que os visita. Me senti dentro de uma produção têxtil.”
(Ronaldo Salvador Vasques, 2017).
E aí o que vocês acharam do Museu? Muito interessante não é? Esperamos poder conhece-lo um dia também!
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