Nova curadora do MASP afirma que roupas podem ser armadura contra o racismo

By | quarta-feira, junho 09, 2021 Leave a Comment

Foto:Leno Taborda/FFW


Em 2019 no estudo “Nós prometemos  descolonizar  o museu: uma revisão crítica da política museal contemporânea”, realizado em uma parceria de estudos entre MASP e a Afterall, Brenda Cocotle discorre sobre como na trajetória dos museus algumas histórias foram deixadas de lado, o que gerou uma necessidade por um acervo mais diverso e menos colonial. Essa demanda é crescente e cada vez mais museus têm aderido projetos que visam discutir essas pautas.


Essa discussão surgiu por meio de temas como a coexitência e o entrelaçamento de culturas diferentes. Inicialmente a representatividade nos museus apresentou problemas e criou uma barreira ainda maior entre diversas culturas e o observador nos museus por se ater aos olhares dos especialistas apenas, criando clichês e uma imagem esteriotipada das culturas indígena e africana por exemplo. Ainda no estudo, Cocotle afirma que seria muito difícil ocorrer a descolonização dos museus, mas que é importante que esses observem seus pontos falhos e tentem trabalhar em soluções.


Recentemente, caminhando nessa direção, em Maio de 2021 Hanayrá Negreiros foi anunciada como a nova curadora adjunta do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) sendo responsável pelo projeto Masp Renner, composto por artistas que irão realizar a confecção de obras de arte em formato de vestimentas. Em entrevista concedida a Universia Hanayrá contou sobre sua trajetória na Moda e sua experiência como mulher negra nesta área que ainda hoje falha em ter representatividade. 


Hanayrá é pesquisadora e em seu mestrado estudou a relação entre a indumentária e memórias negras no terreiro de candomblé angola Redandá. Ainda na entrevista Hanayrá afirma com a frase de sua amiga Paloma Gervasio Botelho que "as roupas podem ser uma armadura contra o racismo". Enquanto curadora do MASP buscará voltar sua atenção para outras histórias como a de pessoas indígenas e africanas inseridas no âmbito dos museus. A pesquisadora também discorre sobre a falta de representatividade quando estava na faculdade desde o quadro de professores , entre os alunos e até mesmo no conteúdo que era totalmente eurocêntrico e estereotipado.


Analisando a história de sua própria família, Hanayrá percebeu como a Moda sempre esteve atrelada às famílias negras e como está pode servir como uma ferramenta de resistência ou até mesmo como uma armadura contra o racismo, pois, muitos encontram na moda formas de se defender de preconceitos e estereótipos.


Leia o estudo Nós prometemos  descolonizar  o museu: uma revisão crítica da política museal contemporânea aqui.


Leia a dissertação O Axé nas roupas: indumentária e memórias negras no candomblé angola do Redandá de Hanayrá Negreiros aqui.


Leia a entrevista completa com Hanayrá Negreiros à Universia aqui.


E para vocês, esse é o ínicio de mais espaço em museus para a diversidade cultural?


Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários :